Tucanato: Teresinense tem pela frente decisão de mudar seu destino
Os teresinenses têm pela frente, precisamente em novembro deste ano, mais um desafio, mais uma batalha a ser travada. Vão decidir se o melhor é permanecer no mesmo ou devem se levantar em nome da mudança, despertando de um sono que parece eterno. Vão ter que escolher o novo prefeito da cidade pelos próximos quatro anos. Vão decidir se destitui ou não um reinado, um tucanato, cujo poder se alterna entre as mesmas mãos durante mais de 30 anos.
E essa história é longa, que podemos resumir agora. O reinado tucano começou para valer a partir de 1989, quando Wall Ferraz, um ícone da política piauiense, ingressou no PSDB. Ele já havia sido prefeito da capital piauiense nos períodos de 1975 a 1979 e de 1986 a 1989. Em 1992, conquistou o seu terceiro mandato de prefeito de Teresina falecendo na capital paulista em 22 de março de 1995 onde se encontrava para tratamento de saúde em face de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Foi substituído pelo vice-prefeito Francisco Gerardo. A partir daí os tucanos resolveram fazer do Palácio da Cidade o seu eterno ninho, nunca mais saíram, depois de mais de três décadas.
O substituto de Gerardo foi Firmino Filho, que antes havia sido eleito presidente do Diretório Municipal do PSDB. Renunciou ao cargo de secretário de Finanças do município em 1996, para concorrer e ser eleito Prefeito de Teresina pela primeira vez. Em 2000, concorreu à reeleição e foi eleito.
Do mesmo ninho tucano, surgiu Sílvio Mendes, que foi presidente da Fundação Municipal de Saúde nas gestões dos prefeitos Wall Ferraz e Chico Gerardo, e nos dois períodos de Firmino Filho. Foi eleito prefeito de Teresina em 2004. Em 2008 foi reeleito.
E onde estava Firmino Filho nesse período? Era vereador de Teresina licenciado, presidindo a Fundação Municipal de Saúde. De lá, foi para Assembleia Legislativa, eleito deputado estadual, numa atuação apagada de apenas um ano, quando voltou para comandar a Prefeitura. Nas eleições de 2012, segue para o segundo turno contra o candidato à reeleição Elmano Férrer, que era vice-prefeito e havia assumido o cargo em substituição a Sílvio Mendes, que decidira concorrer à eleição para governador do Estado no segundo ano do seu segundo mandato. Perdeu.
Podemos dizer que no período de Elmano Férrer, um parêntese da gestão tucana de apenas dois anos, houve um ensaio de mudanças. O hoje senador tentou impor seu DNA na gestão. Os teresinenses também tentaram reagir. Mas o tucanato esmagou essas pretensões.
Em 2016, Firmino Filho é reeleito para o quarto mandato. Ele sozinho já reinou por 16 anos. E agora tenta impor outra candidatura tucana ao Palácio da Cidade, seu ex-secretário de Educação Kleber Montezuma, um tucano de longas plumas que transita na Prefeitura desde Wall Ferraz, exercendo os mais diferentes cargos.
Mais do mesmo
Essa alternância de poder em um mesmo grupo contribui para que a cidade permaneça no atraso em relação a outras capitais do Nordeste. É apenas a 17ª maior capital de estado entre as 27 do país, sendo a 7ª capital mais populosa. Entre as nove capitais do Nordeste é somente a 7ª considerada mais rica da região.
Percebe-se que nessa troca de poder entre membros do mesmo grupo, o município receba somente ações consideradas básicas para a sua sobrevivência. E elas só se intensificam a um ou dois anos que antecedem cada eleição: obras de pavimentação e de assistência social se prevalecem. Nem um projeto de impacto é observado. Nenhuma política fiscal de atração de investimento que transforme essa cidade em potencial geradora de emprego e renda. Nada disso. Teresina não conta praticamente com um parque industrial que dê sustentação ao crescimento da cidade como capital que é. Alguma coisa de envergadura que há é por conta da ousadia de determinados empresários que apostam no potencial do povo de Teresina.
Mas opções de qualidade não faltam. Porém, o prefeito Firmino Filho, em entrevista a um canal de televisão na última sexta-feira (28) já deu o seu recado: não pretende entregar as chaves do palácio para “qualquer um”. E afirma que o melhor para Teresina é um dos filhos do reino.
Dois políticos piauienses de bastante influência na opinião pública e que já foram aliados dos tucanos em Teresina já dizem: é hora de mudar. É o que afirmam o ex-deputado estadual Robert Rios (PSB), hoje pré-candidato a vice-prefeito na chapa do Dr. Pessoa (MDB), e o deputado estadual João Mádison (MDB). Também há pela cidade uma reflexão que pode mudar os destinos da capital, acreditando que o melhor para Teresina é, na verdade, sair do mesmo.
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