Insegurança alimentar reduz no Piauí, aponta IBGE
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE divulgou nesta quinta-feira (25/04), os resultados do módulo de Segurança Alimentar, inserido na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) 2023, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome. Os dados para este estudo foram obtidos a partir da aplicação das perguntas componentes da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar – EBIA em módulo específico da pesquisa. Esta é a quinta série de resultados sobre o tema, sendo as anteriores disponibilizadas pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD, nas edições de 2004, 2009 e 2013, e pela Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF na edição de 2017-2018.
No Piauí, em 2023, a PNAD Contínua registrou que a população residente em cerca de 42% dos domicílios do estado apresentava algum grau de insegurança alimentar, o quinto maior indicador do Brasil, 14,4 pontos percentuais acima da média nacional (27,6%), e 3,3 pontos percentuais acima da média da região Nordeste (38,7%). Dentre os estados, os maiores indicadores de insegurança alimentar foram de Sergipe, com 49,2%, e do Pará, com 47,7%. Os menores indicadores foram os de Santa Catarina, com 11,2%, e o do Paraná, com 17,9%.
Conceitualmente, a “segurança alimentar” reflete o pleno acesso dos moradores dos domicílios aos alimentos, tanto em quantidade suficiente como em qualidade adequada. Nas circunstâncias de acesso pleno, a pessoa entrevistada na pesquisa do IBGE sequer relata preocupação ou iminência de sofrer qualquer restrição alimentar no futuro próximo. Por sua vez, a “insegurança alimentar” reflete a insuficiência do acesso aos alimentos nos domicílios, seja em quantidade como em qualidade, e pode ser classificada em três diferentes graus, conforme abaixo:
De acordo com os graus de insegurança alimentar, a PNAD Contínua do IBGE registrou no Piauí, em 2023, que cerca de 27,2% dos domicílios do estado estavam com um grau leve de insegurança, enquanto que 8,7% dos domicílios com grau moderado e 5,4% com grau grave. Somando-se a proporção de domicílios com grau moderado e grave no Piauí, tínhamos que 14,1% dos domicílios estavam em situação de mais efetiva insegurança alimentar. Em termos de Brasil, a pesquisa registrou que cerca de 18,2% dos domicílios estava com um grau leve de insegurança, enquanto que 5,3% dos domicílios com grau moderado e 4,1% com grau grave. Somando-se a proporção de domicílios com grau moderado e grave no país, tínhamos que 9,4% dos domicílios estava em situação de mais efetiva insegurança alimentar. Dentre os estados da federação, considerando-se o somatório de insegurança alimentar dos graus moderado e grave, aquele que apresentou maior indicador foi o Pará (20,3%), seguido de Sergipe (18,7%). Os menores indicadores ficaram com Santa Catarina (3,1%) e Paraná (4,8%).
Podemos ter um quadro da evolução da situação de segurança alimentar nos domicílios piauienses com base nas informações obtidas na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), referente ao período 2017/2018, e na PNAD Contínua de 2023. Na série histórica da pesquisa de segurança alimentar dos últimos 6 anos percebe-se no Piauí uma redução na proporção total de domicílios em situação de “insegurança alimentar”. Em 2017/2018, a insegurança alimentar afetava a vida da população em cerca de 46% dos domicílios do estado e em 2023 reduziu para 42%. Neste mesmo período todas as modalidades de insegurança alimentar apresentaram igualmente uma redução: a insegurança alimentar “leve” caiu de 28,91% para 27,9%; a insegurança alimentar “moderada” caiu de 11,02% para 8,7%; e a insegurança alimentar “grave” caiu de 6,05% para 5,4%. No tocante às modalidades de maior grau de insegurança alimentar, a “moderada” e a “grave”, ambas afetavam a vida da população de um total de cerca de 17,07% dos domicílios piauienses em 2017/2018, tendo passado para 14,1% em 2023.
Insegurança alimentar é maior na população residente em áreas rurais, bem como entre a população infantil / jovem
A insegurança alimentar em nosso país, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílos Contínua (PNAD Contínua) de 2023, atingia a população residente em cerca de 27,6% do total de domicílios brasileiros, sendo 18,2% com insegurança alimentar leve, 5,3% moderada e 4,1% grave. No tocante às grandes regiões, os maiores indicadores de insegurança alimentar foram os registrados nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, respectivamente com 39,7% e 38,7% dos seus domicílios. Os menores indicadores foram os registrados na região Sul (16,5%), Sudeste (22,9%) e Centro-Oeste (24,3%).
A pesquisa do IBGE aponta ainda que a população residente nas áreas rurais do país tem sido as mais afetadas pela insegurança alimentar, atingindo cerca de 34,5% dos domicílios, 7,9 pontos percentuais acima do registrado para os domicílios localizados nas áreas urbanas (26,6%). A insegurança alimentar moderada e grave, somadas, atingiam cerca de 12,7% dos domicílios rurais, acima do verificado com a população na área urbana (8,9%).
A PNAD Contínua do IBGE também trouxe resultados da insegurança alimentar por grupos etários da população, que evidenciam que 10,8% da população de 0 a 4 anos de idade e 11,4% da população de 5 a 17 anos de idade conviviam com insegurança alimentar em patamar moderado e grave; no entanto, na população de 65 anos ou mais de idade esta proporção foi 6,9%. Assim, considerando a distribuição dos moradores por grupos de idade, segundo a situação de segurança alimentar existente no domicílio, observou-se maior vulnerabilidade à restrição alimentar nos domicílios onde residiam crianças e/ou adolescentes. À medida que aumentava a idade, aumentavam, também, as proporções daqueles que viviam em domicílios em segurança alimentar e diminuíam, consequentemente, as proporções dos moradores em insegurança alimentar, nos seus diversos níveis.
A PNAD Contínua apontou que no Brasil a prevalência de insegurança alimentar moderada ou grave foi maior naqueles domicílios cuja pessoa responsável pelo domicílio era mulher, alcançando a proporção de 10,8% em 2023. Para domicílios onde a pessoa responsável era um homem, a proporção observada foi de 7,8%, sendo, portanto, menor. Esse comportamento que aponta uma desigualdade provocada pelas diferenças quanto ao sexo da pessoa responsável pelo domicílio também foi observado nos resultados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2017-2018. Importante notar que muito embora esse padrão tenha permanecido no tempo, houve diminuição na prevalência de insegurança alimentar nos domicílios e, em contrapartida, um aumento nos níveis de segurança alimentar, fato que se observa ter ocorrido independente do sexo da pessoa de referência.
A PNAD Contínua 2023 traz, também, os percentuais dos domicílios por classe de rendimento mensal domiciliar per capita. Tais percentuais foram calculados para o Brasil, para os domicílios na situação de segurança alimentar e de insegurança alimentar. Dessa forma, é possível observar em que medida a insegurança alimentar se concentrou nas classes de rendimento mais baixas no período pesquisado. Mais especificamente, os casos de insegurança alimentar moderada ou grave se concentraram nas três primeiras classes de rendimento delimitadas por ¼, ½ e 1 salário-mínimo. Na primeira classe da tabela estão os domicílios com menor percepção de renda, cujo rendimento mensal domiciliar percapita era de zero a ¼ de salário-mínimo. Já na segunda classe estão os domicílios cuja rendimento era maior do que ¼ de salário-mínimo e no máximo ½ salário-mínimo. A terceira classe inclui os domicílios com rendimento mensal domiciliar percapita maior do que ½ salário-mínimo e no máximo 1 salário-mínimo. Estas três classes cobrem juntas quase a metade dos domicílios (47,7%) e quase 4/5 dos casos de insegurança alimentar moderada ou grave (79,0%). No entanto, chama a atenção a contribuição das classes de menores rendimentos para este resultado. Juntas as duas primeiras classes concentram aproximadamente metade dos casos de insegurança alimentar moderada ou grave (50,9%) sendo 24,1% na primeira e 26,8% na segunda classe. Isto ocorre mesmo com o percentual relativamente menor de domicílios na primeira (8,3%) e na segunda classe (13,5%).
Já a classe com os maiores rendimentos, especificamente com rendimento mensal domiciliar percapita acima de 2 salários-mínimos, responde apenas por 2,6% dos casos de insegurança alimentar moderada ou grave, mesmo contendo mais de 1/5 da população (21,1%).
Situação semelhante pode ser observada para os casos de insegurança alimentar em geral que inclui a insegurança leve, moderada ou grave. Juntas as três primeiras classes concentram quase ¾ dos casos de insegurança alimentar (72,8%). Já a última classe responde por apenas 5,6% dos casos de insegurança alimentar. Tais resultados retratam a relação da renda com a insegurança alimentar, segundo a qual os baixos rendimentos estavam fortemente associados a maior incidência de insegurança alimentar e, em especial, das situações moderada ou grave. Já os domicílios com rendimento médio domiciliar percapita acima de 2 salários-mínimos foram menos propensos a reportar insegurança alimentar.
Fonte: IBGE
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