Apáticos e opacos

Ficamos 11 meses a observar esse novo estilo, essa nova forma de governar da atual gestão nacional. Não há nada para se pincelar como positivo ou como gestão propositiva. Durante esse período, o trabalhador perdeu direitos a muito custo conquistados, o desemprego não recua, o trabalho precário se acentua, e os pobres cada vez mais pobres. Nesses últimos quatro anos de dois novos governos, observamos o despencar de 1 milhão de pessoas anualmente para abaixo da linha de pobreza. Hoje, segundo o IBGE, somos 13,5 milhões de pessoas nessa situação. Eram 9 milhões em 2014, com tendências de queda. A tendência se reverte desde aquele ano.


Sentimos o desespero da equipe econômica do atual governo procurando saídas, mas toda fórmula inventada até agora sacrifica os trabalhadores e as famílias mais pobres. E dão em nada, o país não responde. As trapalhadas diplomáticas do Executivo inibe investimentos estrangeiros no país. A tal cessão onerosa do pré-sal, colocada em leilão, seria a redenção, mas o que vimos foi um fiasco total; somente a Petrobras, a empresa vítima de esquartejamento da corrupção e do próprio governo de plantão, salvou o país de um vexame maior, comprando parte do que foi exposto.


A situação está tão depravante que todos os absurdos, impensáveis em países democraticamente sérios, estão caindo na normalidade da vida brasileira. Lendo uma análise do jornalista e blogueiro Fernando Brito, dá dó ser brasileiro nesse momento. Por exemplo, "é banal que um presidente de extrema-direita se eleja e, antes de se completarem 11 meses, sai do partido pelo qual se elegeu e anuncia que vai montar uma agremiação de cunho familiar, presidida pelo filho metido num escândalo de rachadinhas e milícias e liderada pelo ex-futuro embaixador que deseja a volta do AI-5?" Isso não é normal.


Como encarar o fato de um presidente e seus filhos estarem supostamente envolvidos (porque indícios circulam nas entrelinhas da imprensa nacional) em um dos crimes político, misógino, racial e homossexual que chocou o país? O simples fato de um presidente ter sido sublinhado nesse envolvimento causaria impeachment ou renúncia em qualquer país sério do mundo, seja democrático ou não. Mas por aqui, se transforma em banalidade.


Como se sentir seguro em um país em que não se pode tecer críticas contra o governo e seus asseclas sem correr o risco de ser agredido por milícias digitais que tomaram de conta da Grande Rede? E se for pessoa pública, passa até a correr risco de vida, juntamente com sua família, em ambiente público. Passamos a vida inteira convivendo com inimigos e não sabíamos? Eles surgem de onde menos se espera de "arma em punho". Até mesmo do seio da sua própria família.

Em outro cenário, estamos vendo a imagem do país se deteriorar internacionalmente. Aonde se perdeu o meu país? Em que ponto o ponto saiu da curva? O que foi um dia o Brasil, esvai-se como grãos de areia levados ao vento diante dos nossos próprios olhos apáticos e opacos. 

(Imagem captada do site Banco Mundial)

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